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Ligamento colateral medial: lesões, tratamentos e recuperação

Em se tratando de esportes de contato, é comum a ocorrência de lesões do ligamento colateral medial do joelho, estrutura mais conhecida pela sigla “LCM”. Vale destacar que, dentre as lesões ligamentares que tal região pode apresentar, este representa justamente o ligamento com maior incidência de acometimento.

As características e a importância do ligamento colateral medial:

Este ligamento é composto por três camadas, sendo a primeira delas conhecida como “fáscia profunda”. As demais são denominadas de “ligamento colateral tibial” e “cápsula articular do joelho”.

Responsável por funções variadas, o ligamento colateral medial (LCM) propicia com que o corpo humano tenha estabilidade ao realizar o movimento valgo, ou seja, aquele em que há torção do joelho para dentro.

Outra atividade suportada por este ligamento é o de rotação da face externa da tíbia. Em outras palavras, esta estrutura assegura com que os joelhos não sejam excessivamente torcidos quando da realização de movimentos.

Além disso, o LCM atua como auxiliar de outra estrutura, o ligamento cruzado anterior, sobretudo quando os joelhos estão esticados.

Estima-se que o ligamento cruzado anterior seja comprometido em cerca de 20% das lesões de Grau I do ligamento colateral medial. No que se refere às de Grau III, a prevalência é de aproximadamente 80% dos casos. Algo que pode ocorrer, mas não é frequentemente visto, é a lesão do ligamento cruzado posterior.

Maiores causas das lesões do ligamento colateral medial do joelho:

Dentre os principais fatores para lesão do ligamento colateral estão os seguintes:

  • Entorses ou traumas contusos nos joelhos: Gerando valgo bastante acentuado nestas regiões, pode ser observada ruptura parcial do ligamento ou até mesmo total. Isso costuma ocorrer em partidas de futebol, quando o jogador leva uma entrada na parte externa do joelho, fazendo com que a região interna seja aberta;
  • Fatores externos: Comuns em atividades que constantemente deixem os joelhos em valgo, juntamente a ações de rotação externa dessas áreas;
  • Atividades estressantes para os joelhos: Neste caso, além de ações constantes que deixem tais estruturas em valgo, também se observa o emprego de cargas exageradas. É o que se verifica em alguns praticantes de corrida, ou outro esporte que seja cíclico.

Sintomas relativos de lesão do ligamento colateral medial:

Abaixo estão os mais frequentes sintomas da lesão do ligamento colateral medial (LCM) do joelho:

  • Coxa com musculatura atrofiada: Também chamada de inibição artrogênica, trata-se de uma ocorrência tardia em lesões deste tipo;
  • Dores na parte interna do joelho: Ou seja, na porção medial da estrutura;
  • Hemartroses: Quando há derramamento de sangue no interior das articulações;
  • Hematomas e edemas: Após dias costumam migrar para pernas e tornozelos;
  • Impossibilidade de realizar flexões dos joelhos: Neste tipo de lesão, é frequente que bloqueios sejam observados no interior do joelho. Além disso, tal ocorrência também pode decorrer de dores nas regiões afetadas.

Confira as classificações de gravidade da lesão LCM do joelho:

  • Grau I: Neste caso, ocorre um estiramento ligamentar, geralmente ocasionado por entorses. Pelo fato de não afetar a porção estrutural do ligamento, possibilita com que o indivíduo se recupere de forma rápida, entre 2 e 4 semanas.
    Vale pontuar que lesões dessa natureza são incompletas, representando as mais comuns de todas;
  • Grau II: Acontece quando o ligamento colateral é rompido parcialmente, levando o indivíduo afetado a sentir dores e instabilidade na região. Para se recuperar, o paciente poderá levar de 4 a 8 semanas, mas não é necessária a realização de cirurgia;
  • Grau III: Há a ruptura completa do ligamento, provocando acentuada instabilidade no interior da articulação comprometida. Isso significa que os movimentos tornam-se limitados. Toda a estrutura do joelho afetado apresenta comprometimento.
    Embora haja casos em que não seja preciso operar, estes representam minoria. Dessa forma, o tratamento cirúrgico é frequentemente adotado, levando a uma recuperação em até 12 semanas.

Quais são as formas para se diagnosticar lesões do ligamento colateral medial:

Da mesma maneira como ocorre em outros tipos de lesões ligamentares do joelho, o paciente procura atendimento médico relatando trauma na região. Após o exame físico, são solicitados exames de imagem.

O médico especialista apalpará os pontos indicados de dor e, caso esta não seja forte, uma manobra específica poderá ser realizada, conhecida como “estresse em valgo”, empregada para testar o nível de abertura do joelho afetado.

Dentre os exames de imagem solicitados, os mais frequentes são:

  • Ressonância magnética – RM: Por meio deste exame é possível avaliar o grau da lesão, a extensão do sangramento e outros pontos importantes para o diagnóstico;
  • Radiografia: Empregado principalmente para verificar a ocorrência de fraturas, este método pode ser feito com o joelho flexionado em 30 graus, quando se suspeita que o LCM sofreu ruptura. Além disso, é possível verificar se há lesões antigas, que são representadas por calcificações.

Caso ocorra derrame articular, ou seja, extravasamento de líquido no joelho, pode haver dificuldade para avaliar as dimensões dos danos. Para solucionar esta situação, o médico poderá empregar a técnica de aspiração articular, com a adoção de anestésico no local.

Os tratamentos frequentemente empregados para cada caso:

Assim que ocorre o trauma na região do joelho, ou seja, quando a lesão está em sua fase aguda, o especialista adotará um protocolo de tratamento conhecido como “PRICE”. Nesta técnica, há a indicação de repouso do paciente, bem como a elevação da área afetada e o emprego de compressão e gelo no local. Para que o indivíduo consiga se locomover de forma adequada, o uso de muletas é recomendado.

Caso se observe que as dores e os edemas são muito grandes, o especialista poderá indicar a utilização de órteses ou joelheiras, a fim de que o paciente disponha de maior conforto. Desse modo, tais dispositivos deverão ser empregados até que se consiga caminhar normalmente.

Quando é possível adotar o tratamento não cirúrgico:

O tratamento depende da lesão do ligamento colateral medial (LCM) do joelho apresentada. Desse modo, quando as lesões se enquadram nos Graus I e II, em geral, o tratamento costuma envolver fisioterapia, não necessitando de cirurgias. Veja quais são as possibilidades nestes casos:

  • Técnicas para fortalecer os músculos da coxa;
  • Regeneração do ligamento através de ultrassom e laser;
  • Preservação da extensão do arco de movimentação do joelho;
  • Infiltrações no ligamento colateral medial lesionado.

Realização de cirurgia para tratar a lesão:

Visando reconstruir o LCM afetado, trata-se de uma técnica comumente adotada após o especialista verificar que a região comprometida está acentuadamente instável. Neste caso, é comum que os exames de imagem revelem que há retração dos cotos do ligamento. Assim sendo, há consenso médico quanto à reconstrução cirúrgica em lesões que abranjam simultaneamente o LCM e o ligamento cruzado anterior, bem como o posterior.

A cirurgia de reconstrução empregará o enxerto de tendões. Quando são extraídos do próprio indivíduo, estes recebem o nome de autoenxertos. As fontes dos enxertos costumam ser os tendões semitendíneo e grácil, proporcionando estabilidade para a área comprometida.

Como acontece a recuperação após a cirurgia:

Tão logo o procedimento cirúrgico seja realizado, o médico adotará medidas para proteger a região, empregando uma estrutura para imobilizar o joelho, conhecida como “Brace”. O paciente também precisará utilizar muletas até que se recupere integralmente.

Em seguida, o programa de reabilitação do paciente deverá ser iniciado, contando-se com sessões de fisioterapia. Se o indivíduo operado for atleta, um programa específico para transição ao esporte deverá ser empregado. Em se tratando de lesões do Grau III que ocorram de forma isolada, o retorno às atividades cotidianas poderá acontecer entre 6 e 9 meses após a cirurgia.

No que diz respeito às práticas esportivas, a volta do paciente deverá acontecer somente quando se observar que os testes de agilidade foram realizados de forma confortável. Quando se chega a tal nível de recuperação, geralmente é necessário que 90% da força do joelho tenha sido recuperada. As lesões dos Graus I e II costumam demandar um período de até 2 semanas para que se volte às atividades esportivas. Já as de Grau III, quando cirúrgicas, levam até 9 meses para que a situação se normalize.

Alguns modos de prevenção das lesões do LCM:

  • Evitar com que o ligamento colateral medial sofra sobrecargas constantes;
  • Realizar exercícios de alto impacto de forma cuidadosa;
  • Optar por um adequado treinamento resistido;
  • Não abrir mão de uma avaliação ortopédica com especialista.
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