Estiramento da panturrilha é uma lesão que surge quando os músculos da panturrilha se esticam além do normal, gerando dano aos tecidos musculares e dor aguda. É uma lesão muito comum em quem prática esportes, sobretudo corrida, tênis e vôlei.
O estiramento da panturrilha também é conhecido na literatura médica como distensão muscular ou distensão da panturrilha. Popularmente, essa condição é conhecida como perna de tenista, devido a frequência com que acomete praticantes desse esporte. O estiramento da panturrilha é mais comum em pessoas de 25 a 44 anos, mas pode acometer pessoas de qualquer idade.
Índice
Como é a anatomia da panturrilha
Para melhor compreensão desse tipo lesão, vamos entender como é a anatomia da panturrilha. A panturrilha também é chamada na literatura médica de tríceps sural, pois se trata de um conjunto contendo três músculos que ficam na parte de trás da perna. Esses músculos são o sóleo, o gastrocnêmio e o plantar.
O conjunto de músculos citado forma o tendão de Aquiles, se inserindo no osso no calcanhar, o calcâneo. A função essencial desses músculos é empurrar o pé para baixo nas atividades rotineiras, como andar, correr ou caminhar.
Dentre os três músculos, o gastrocnêmio é o mais propicio a sofrer com uma lesão muscular. Isso porque ele é mais forte, maior que os demais músculos e passa pelo joelho a fim de se fixar no fêmur. Ele é bi-articular, já os outros dois músculos, o plantar e sóleo, passam apenas pelo tornozelo, sendo menores.
Sintomas de um estiramento da panturrilha
O paciente acometido com uma lesão na panturrilha se queixará de dor súbita após realizar algum movimento intenso ou abrupto, como pular, correr ou em determinada posição esportiva, como nas jogadas de vôlei ou tênis. A perna fica com a sensação de estar dura, se tornando muito sensível ao toque.
A depender da gravidade da lesão, hematomas e inchaços serão notados de horas a dias após a lesão. Geralmente, a maioria dos casos são considerados leves, o que faz com que o próprio paciente negligencie a situação, se automedique e não busque ajuda médica em um primeiro momento, aumentando os riscos de um problema mais grave.
Isso porque nos casos mais leves a pessoa consegue continuar se exercitando, embora sinta certo desconforto na região afetada.
Há casos em que a pessoa pode não conseguir caminhar devido a dor forte na panturrilha, bem como a realização de qualquer esporte ou movimento com os pés e pernas se torna impossível. Comumente, os pacientes relatam que saíram de algum treino com um desconforto leve, mas depois de um tempo começam a sentir uma dor insuportável, que aumenta de acordo que o tempo passa, mesmo que não esteja mais se exercitando.
Causas do estiramento na panturrilha
Uma distensão na panturrilha pode ocorrer por variados motivos, sendo os principais:
- Aquecimento ineficiente: não fazer o aquecimento adequado antes das atividades físicas pode levar a lesões musculares. Isso porque o músculo não é preparado para o esforço.
- Movimentos intensos ou bruscos: esses movimentos podem ocorrer em corridas, pulos, saltos e até alguns incidentes comuns na prática de esportes, como quando um jogador de futebol leva o famoso “carrinho” de um colega de jogo. Esses movimentos fazem o músculo se contrair repentinamente, dando origem a uma lesão na panturrilha e outros problemas musculares.
- Superfícies irregulares: ter uma mudança no ambiente de treino ou treinar em superfícies irregulares, como aclives e declives, força demais os músculos.
- Calçados inadequados: a prática de esportes, seja uma caminhada, corrida, escalada ou partida de futebol, requer um calçado adequado e confortável, como tênis macios com controle de impacto. Usar um calçado duro, apertado ou irregular propicia o surgimento de uma série de lesões.
- Treinamento excessivo: por mais que se tenha uma competição ou exista interesse do atleta em se dedicar aos treinos, é importante ter consciência que todo corpo precisa descansar. Logo, treinar em excesso aumenta o risco de uma lesão, inclusive as mais graves.
- Envelhecimento: com o envelhecimento é natural que os músculos percam força. Quando não há um estimulo com a prática de algum tipo de exercício, a tendência é que não só a panturrilha, mas outras áreas do corpo fiquem mais suscetíveis a lesões musculares ou ósseas.
- Fadiga e desidratação: não se manter hidratado aumenta os riscos de estiramentos e câimbras. Além disso, a desidratação e fadiga muscular levam a perda da força e coordenação, aumenta o risco de estiramento da panturrilha durante exercícios, sejam esportivos ou da movimentação normal do dia a dia.
Tipos de lesões na panturrilha
Grau I: são as lesões mais leves, do qual ocorre uma ruptura da fibra muscular inferior a 10%. Apesar de leve, corresponde a maioria dos casos. Quando há uma lesão leve, o paciente sente dor aguda no momento em que sofre a lesão, mas não ocorre a perda da mobilidade e força.
Grau II: lesão moderada que acomete cerca de 50% das fibras musculares. Diferente dos casos leves, o paciente tem perda da força e amplitude de movimento, além de inchaço, dor local e em muitos casos, o aparecimento de hematomas na região da lesão.
Grau III: tipo de lesão mais grave, do qual gera uma ruptura completa e que normalmente ocorre na transição entre o tendão e o músculo. O paciente sente muita dor, sensibilidade ao toque, inchaço e hematomas. Não há possibilidade de movimentação, devido a dor toda vez que o paciente tenta dar um passo ou colocar o pé no chão. A depender da gravidade, o estiramento muscular pode precisar de um procedimento cirúrgico para ser resolvido.
Tratamento para distensão da panturrilha
É importante salientar que o músculo é vascularizado a ponto de se cicatrizar sem dificuldade, mas não se deve negligenciar o tratamento, a fim de evitar complicações ou novas lesões.
Além disso, se o paciente ficar cinco semanas sem se exercitar para repouso ou por conta do desconforto, pode gerar uma perda muscular que poderá demorar até três meses para ser recuperada.
O tratamento padrão para um estiramento ou distensão da panturrilha é com base no protocolo PRICE, acrônimo em inglês para designar um conjunto de ações, sendo elas: Proteção, Repouso, gelo (em inglês Ice), Compressão local e Elevação do membro lesionado. O médico poderá indicar o uso de analgésicos e/ou anti-inflamatórios para controlar a dor no início do tratamento, dependendo sempre de cada caso e intensidade da dor.
A fisioterapia e, se possível, atividades físicas monitoradas são indicadas, pois a movimentação agiliza a cicatrização muscular. Preferencialmente, o tratamento com gelo no local da lesão deve ocorrer o quanto antes, por cerca de 20 a 30 minutos por vez, podendo ser repetida com intervalo mínimo de duas horas de uma sessão para a outra.
Se a distensão muscular na panturrilha for grave, o uso de muletas será indicado para não forçar o membro acometido durante a recuperação.
É importante salientar que o gelo jamais deve ser colocado diretamente na pele, sendo necessário o uso de uma bolsa, tecido ou saco. Não usar por mais de trinta minutos seguidos, a fim de não provocar o efeito rebote. A recuperação de um paciente com estiramento de panturrilha ocorre de uma a duas semanas para casos leves, de duas a quatro semanas para casos moderados e até três meses para as situações mais graves.