Tendinite patelar: causas, riscos, sintomas e tratamentos
Tendinite patelar é considerada uma das lesões por esforço repetitivo mais frequentes, estima-se que esta condição atinja cerca de 30% dos praticantes de atividades físicas de alto rendimento.
Vale destacar que a tendinite patelar também é conhecida como “joelho do saltador”, tratando-se de uma inflamação no tendão que liga a patela (rótula) à região da tíbia.
Índice
O que pode contribuir para o desenvolvimento da tendinite patelar
Dentre as principais hipóteses para o surgimento da condição, está a que indica a incapacidade do músculo anterior da coxa em se tratando da absorção de impactos. Isso é observado, sobretudo, no que se refere à ação de volta ao se contrair a musculatura, ou seja, quando quando se realiza a contração excêntrica.
Pelo fato de atuar parcialmente como o músculo quadríceps, há inflamação no tendão, já que é alongado e encurtado mais do que o limite fisiológico permite. Dessa forma, além de inflamações, verifica-se a degeneração do tecido tendíneo, tornando-se mais grosso, gerando compressão sobre o peri-tendão e diminuindo o fluxo sanguíneo na região.
Os indivíduos mais suscetíveis a esta condição
Em geral, jogadores de basquete podem ser acometidos pela tendinite patelar, uma vez que executam movimentos de salto e aterrissagem de forma intensa. A faixa etária de maior prevalência para tal condição é a compreendida entre 20 e 30 anos.
Entre indivíduos que estão acima do peso e são altos também observa-se maior prevalência em relação aos demais. É importante destacar que esta doença do joelho pode afetar tanto homens, quanto mulheres, mas de modos distintos. Embora possa surgir de forma bilateral, o desenvolvimento unilateral é mais frequente no sexo masculino.
Fator de risco para o aparecimento da tendinite patelar
A tendinite patelar pode ser desencadeada por conta da combinação de alguns fatores. Confira quais:
- Peculiaridades anatômicas: Quando o indivíduo apresenta a patela mais alta do que o normal, bem como excessivamente proeminente, a chamada “força de cisalhamento” pode ocasionar inflamação nesta região.
- Sofrer com doenças crônicas: Alguns exemplos são a insuficiência renal, diabetes, artrite reumatóide e lúpus, já que podem reduzir o fluxo sanguíneo existente nos joelhos.
- Apresentar desequilíbrio nos músculos: Neste caso, o desequilíbrio muscular é caracterizado por alguns músculos com maior força e outros com menor, de maneira que os mais fortes tracionam o tendão patelar de forma indevida, ocasionando a tendinite.
- Alguns exercícios físicos: Se as atividades do dia a dia incluem corridas e saltos, há risco aumentado para que a tendinite patelar apareça. Por esse motivo, é frequente a denominação “joelho de saltador”, quando se refere a esta doença.
- Falta de fortalecimento muscular: Quando o quadríceps, bem como os músculos presentes na parte dianteira da coxa e isquiotibiais estão encurtados, poderá ocorrer maior tensão no tendão, propiciando inflamação.
Sintomas da tendinite patelar
De maneira geral, o sintoma mais frequente deste tipo de tendinite é a dor após a prática esportiva. Neste caso, o quadro doloroso tende a ocorrer no período da noite.
Por essa razão, quem sofre com esta condição poderá ter a qualidade do sono comprometida. Além disso, o indivíduo acometido costuma apresentar dificuldades em atividades que envolvam manter o joelho dobrado por períodos prolongados.
Quando se observa o comprometimento total do tendão, a dor é sentida entre a rótula e a tíbia, recebendo o nome de “tendinite patelar difusa”. Ao comprometer a parte final da patela, as dores são sentidas nesta região e irradiam para trás, sendo chamada de “tendinite patelar do polo inferior”.
Além dos sintomas citados, a doença pode apresentar outros sinais. Veja:
- Condromalácia: Perda da firmeza habitual da cartilagem do joelho, que costuma ocorrer com crepitação, ou seja, com rangido.
- Sinovite: Ocorre quando o líquido sinovial do joelho aumenta de volume.
- Hoffite: Trata-se da inflamação do coxim adiposo do joelho.
Diagnóstico da tendinite patelar
O exame físico costuma ser a forma inicial para diagnóstico da tendinite patelar. Em geral, o paciente procura atendimento médico tão logo tenha sentido uma repentina dor durante e após a atividade física.
A dor pode não ser incapacitante de imediato, mas caso não tratada, costuma gerar impactos nas tarefas cotidianas, já que tende a aumentar com o passar do tempo. No exame físico, o médico poderá realizar testes biomecânicos a fim de averiguar a qualidade dos movimentos do quadríceps, sobretudo em termos de contração e desaceleração.
A avaliação clínica também se faz necessária para que o médico delimite a extensão da dor. Desse modo, o especialista poderá solicitar o chamado “teste isocinético”, importante para averiguação do desequilíbrio muscular.
Além disso, o profissional poderá solicitar exames de imagem. Neste caso, tanto a ressonância magnética, quanto o ultrassom poderão ser solicitados pelo médico. Por meio de tais exames, será possível que o especialista investigue se há outras condições associadas ao caso.
Como a doença pode ser classificada
A classificação da tendinite patelar ou joelho do saltador ocorre em face da duração dos sintomas. A condição é dividida em quatro fases:
- Fase 1: As dores surgem somente depois de exercícios físicos, sem comprometer o cotidiano do paciente.
- Fase 2: O indivíduo sente dores durante as atividades físicas e também após esta prática. Neste estágio, há comprometimento da qualidade do sono do paciente.
- Fase 3: Incapacita o paciente para a realização de atividades físicas habituais, apresentando dores tanto durante, quanto após exercícios físicos.
- Fase 4: É caracterizada pela completa ruptura do tendão, sendo necessária a realização de cirurgia reparadora.
Como é realizado o tratamento conservador
A forma de tratamento da tendinite patelar poderá variar conforme alguns critérios, tais como idade do paciente, intensidade de atividades físicas e o modo como o tendão patelar foi acometido. Saiba mais:
- Fortalecimento muscular: Dependendo do caso do paciente, o tratamento poderá envolver o fortalecimento da musculatura, sendo realizado sob a supervisão de um fisioterapeuta. Caso haja melhora do quadro, o indivíduo passará a ser orientado por um educador físico, já que será necessária a realização de exercícios como agachamentos e outros.
- Tratamento medicamentoso: Anti-inflamatórios, bem como analgésicos poderão ser prescritos pelo médico. Vale destacar que tais medicamentos são empregados com o objetivo de aliviar a dor em um curto período de tempo.
- Utilização de terapia por ondas de choque: Também conhecida como “TOC”, trata-se de um equipamento que emite pulsações, estimulando o processo de cicatrização da lesão.
- Fisioterapia excêntrica: Tal técnica utiliza mecanismos para regeneração tecidual, bem como fortalecimento dos músculos e alongamentos, promovendo aprimoramentos da frenagem muscular.
- Prática de atividades físicas: Em determinados casos, o paciente poderá apresentar expressiva melhora ao iniciar exercícios físicos.
Os casos em que a cirurgia é o tratamento mais indicado
Embora a indicação de tratamento cirúrgico não represente consenso entre especialistas, a técnica, conhecida como “cirurgia de Blazina”, costuma ser recomendada em duas situações:
- Pacientes sedentários que não apresentem melhora com o tratamento conservador.
- Pacientes ativos ou que sejam atletas em que existam indícios de pré-ruptura do tendão.
De que formas a cirurgia é realizada
Feita por vídeo ou de forma aberta, uma das técnicas consiste na raspagem e posterior desbridamento do tendão. Trata-se de uma técnica cuja indicação é mais frequente quando há ruptura, bem como degeneração do tendão. Vale salientar que, neste caso, a recuperação costuma ser rápida.
A técnica aberta, por sua vez, contempla a face anterior do tendão, em que se remove a porção que sofreu degeneração, bem como a proeminência desenvolvida na patela. Pelo fato de exigir imobilização do joelho, o pós-operatório costuma ser mais lento.
Como é possível prevenir este tipo de tendinite
Abaixo estão algumas medidas que poderão evitar que haja uma recidiva da doença:
- Evitar repentinas sobrecargas na região.
- Realizar de forma periódica o fortalecimento da musculatura, especialmente no que se refere às contrações excêntricas.
- Efetuar acompanhamento médico com o intuito de avaliar a saúde muscular.
- Adotar o hábito de se aquecer adequadamente antes da prática de atividades físicas.
- Treinar somente com a supervisão de treinadores certificados e experientes.
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